Bárbara Mori completa 25 anos de carreira e celebra com a sua estreia como diretora.

 A atriz confessou estar em uma das melhores épocas de sua vida e fala sobre seus novos projetos e sua próxima estreia como escritora e diretora.

Bárbara Mori estreará como diretora (FOTOS: Jaime Martín)


Bárbara Mori inicia 2021 como um dos anos mais corridos que tenha tido ultimamente. Em fevereiro estreou a serie La Negociadora (A Negociadora), agora em abril lançou o filme Todo lo Invisible (Tudo invisível) e acabou de terminar de gravar outro filme, Tú Eres mi problema (Você é meu problema). Além disso, nos revelou que durante a pandemia começou a escrever, e que já terminou de escrever o script e que no momento está arrecadando fundos para sua produção.

Falta pouco para que finalmente veja seu sonho de dirigir se concretize, Barbara fala emocionada de Más fuerte que el miedo (Mais forte que o medo), o que será sua obra prima. No momento, o projeto que mais nos preocupou com a data de estreia é Todo lo invisible, e o primeiro que pensamos, ao vê-la entrar, é que a Barbara de invisível não tem nada. Por mais que tenha chegado com simples com um suéter solto, tênis, óculos e com o cabelo recém lavado, não existe quem não veja no hotel Presidente Intercontinental de Polanco, onde fizemos esta sessão de fotos que depois de meses conseguimos acertar com ela.

Tem poucos visitantes e funcionários no lugar devido a capacidade limitada, mas a atriz não passa despercebida. É que não tem quem não possa dizer que Bárbara Mori não é uma figura icônica. Tenha visto ou não Rubi ou qualquer uma das suas produções, a atriz é uma das caras mais famosas no país e também em vários países da América Latina, inclusive Brasil.

Já na suíte do hotel, enquanto faziam os testes rápidos para detectar o coronavírus e respondia o questionário médico, Barbara conversava sobre a perda dos sentidos, que é o tema principal de Todo lo invisible, cujo protagonista (Ari Brickman) perde a visão num acidente de carro. Ela nos contou que tem um pouco de surdez no ouvido direito, que é uma reação desse lado em particular do seu corpo, relacionando aos acontecimentos com seu pai.

Sobre esse tema em específico, a atriz decidiu falar em um revelador e honesto Ted Talk, no ano passado, que gravou da sua casa por causa da pandemia e que em termos práticos é a história da sua vida de forma resumida, sem embelezamento e sem ocultar nada. Falou, como nunca havia dito, da violência que vivia em sua casa e como aos 14 anos trabalhava como garçonete para sair de casa.

"Ao crescer rodeada de golpes e abusos psicológicos criei a crença de que eu não era boa suficiente em nada para ter que merecer o amor dos meus pais. Eu ia pela vida criando situações totalmente destrutivas com as decisões  que ia tomando"

Conta sem medo. Mas, hoje, Barbara se sente feliz e em paz entre tantos projetos atuais e os que estão por vir.

" Meu presente me satisfaz de uma maneira que nem faz ideia"

fala com um sorriso durante a entrevista. Ainda é conhecida por ser muito privada com a sua vida pessoal, Barbara cada vez mais se anima a dar algumas pistas sobre sua relação com Fernando Rovzar, fundador da Lemon Studios, quem recentemente apareceu nesse jornal com seu irmão Billy para conversarmos sobre seus projetos, entre eles estão a serie Monarca e Control Z, na Netflix. 

"Obrigado Fer por acreditar em mim e por ser o motor que me da impulso para alcançar meus sonhos", escreveu alguns dias em seu Instagram.


Como tem passado esse momento de isolamento?

Me parece que o coronavírus é um professor que veio nos ensinar, que veio nos dizer que precisamos mudar, que não podemos seguir vivendo assim. Muitos saíram da sua zona de conforto, a outros deixou sem trabalho e para muitos outros perderam gente querida. Todas essas experiências são dolorosas, duras, são mudanças... mas no final nos ensinam e nos fazem crescer. Para mim esse tempo foi muito difícil, mas de muita aprendizagem, de muitas lições e temos que vê-lo assim para não seguir na mesma e sim para gerar a mudança que a humanidade precisa.

2021 começou bem agitado para você, entre La negociadora e Todo lo invisible, como se sente?

Feliz. Despois de todo esse ano que vivemos em isolamento, ter várias estreias ao mesmo tempo é incrível, além de que os projetos como Todo lo invisible te deixa uma grande satisfação porque são cativantes e agradáveis. A história é aquela que toca as fibras, que atinge as profundezas do ser, perder um sentido muda completamente a sua vida e você tem que se modificar e se adaptar a esse novo modo de vida. Esse tipo de filme nos faz valorizar o que temos, porque temos como certo a visão, que ouvimos, e são coisas que podem ser perdidas a qualquer momento. A vida é assim de repente, hoje você está de um lado e amanhã você está do outro. Por meio dessas histórias, percebemos o quão vulneráveis ​​e frágeis somos na vida.

Seu personagem é uma pessoa tranquila, paciente, que está incondicionalmente para vida em casal. O que pode dizer sobre você?

Sempre que desenvolvo um personagem, empresto-lhe minhas coisas, feridas que foram feitas em algum momento da minha vida, e a partir daí posso construir algo para o personagem. Eu entro no fundo do medo que passei, das feridas que tive para desenvolver os personagens. Isso foi especialmente inspirado por Mariana Chenillo, a diretora. Ela é uma mulher linda, extremamente talentosa e super fofa, mas por dentro, na cabeça dela, as coisas estão um verdadeiro desastre e ela tem que acomodá-las. Ela sempre traz um mundo interior extremamente caótico, mas ao mesmo tempo ela é brilhante, então me inspirei muito nela, ela realmente me ajudou a construir essa linda personagem.

O filme convida a reflexionar sobre a deficiência visual, Fizeram alguns exercícios sobre a perda deste sentido antes de gravar?

Pouco antes de as filmagens começarem, Ari Brickman, Mariana e eu fomos jantar às cegas. Tinha um chef cego, cozinhou para nós e foi uma experiência e tanto. Você entra no local, está tudo escuro e todos nós que jantamos estávamos com os olhos vendados. Foi uma experiência muito interessante porque os outros sentidos foram alertados e foi para identificar o sabor da comida e das texturas, para entrar um pouco naquele mundo.

Além disso, um dia fomos a uma taqueria e eu peguei Ari pela mão, como se fôssemos marido e mulher, para sentir em primeira mão o que nossos personagens vivenciariam.

Foi uma experiência muito sensorial e descobrimos como é estar ao lado de uma pessoa que não enxerga: como as pessoas te observam, sentem o desconforto das pessoas ao seu redor, tropeçam de repente. Em algum momento, quando estávamos preparando a história, cheguei a pensar no que aconteceria se eu não enxergasse e, sim, a vida muda você definitivamente, você tem que repensar uma forma diferente de viver e se adaptar às novas condições. A vida é tão vulnerável, e é essa a beleza desta história. Gostei muito só por causa disso, porque te deixa consciente.


No ano passado, você também gravou Tú eres mi problema... 

É ótimo! Já pude vê-la com Santiago Barajas, que interpreta meu filho. Quero muito que estreie, é a história de uma mãe com seu filho, é muito comovente.

Nesta pandemia você começou a escrever, como vai com este processo?

O roteiro está pronto e já estou levantando o financiamento do filme; Espero que possamos filmar no próximo ano. É uma história inspirada em coisas que vivi na minha infância. Sinto que a infância que tive foi escolhida para que eu pudesse transformar minha vida como eu fiz, não sou a mesma pessoa que era há 20 anos ou 10. 

Honestamente, naquela época havia muita raiva dentro de mim. É assim que sinto que acontece com as pessoas. Grande parte da humanidade está com muita raiva, tem dor, medo e isso nos deixa frustrados e não felizes com o que temos no momento. O fato de ter conseguido transformar tudo isso me faz perceber que, por meio da minha história, posso ajudar outras pessoas como eu, que vivenciam a violência doméstica, a mudar seu presente e a perdoar.

Sinto que sou chamada para contar esta história para que aqueles que se identificam e que possam decidir mudar algo em suas vidas e inspirar alguma mudança. Nós que nos dedicamos ao desenvolvimento de conteúdos para entretenimento temos a responsabilidade de contar histórias que nos marcam, que tocam, que nos fazem refletir e que nos deixam algo, não apenas que nos divertem. 

Sendo tão jovem, você já fez filme, televisão, teatro, produziu, está se preparando para sua estreia como diretora e roteirista, o que mais precisa fazer? 

Depois de realizar meu sonho de dirigir, vou ver que outro sonho surge. Gostaria de continuar estudando, ainda tenho curiosidade pela vida e espero nunca perder isso. Recentemente estudei logoterapia e análise existencial, gosto muito de conhecimento. A logoterapia busca encontrar um propósito na vida e o que acontece conosco. Faz toda a diferença viver de forma significativa sem isso.

Você acaba de completar 25 anos de carreira artística, pretende mais 25? 

Vamos ver o que acontece, não sou uma pessoa que gosta de planejar ou pensar muito no futuro. Amo viver meu presente e o presente me satisfaz hoje como você não tem ideia. Portanto, enquanto continuar a me satisfazer, verei aonde leva. Estou feliz por fazer isso há 25 anos. 


Artigo produzido por: Milenio
Artigo original: leia a entrevista
Artigo traduzido e adaptado por: Equipe Barbara Mori Brasil


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